5 pontos para entender o panelaço de 18 de abril na Argentina

Ontem, 18 de Abril, houve um massivo panelaço em várias cidades da Argentina. Estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra o atual governo de Cristina Kirchner. A manifestação conseguiu ser ainda maior que a de 8 de novembro de 2012.

Aqui 5 pontos para entender melhor a insatisfação de boa parte dos argentinos com o governo atual.

1. Inflação.
A inflação anual argentina é estimada entre 25% e 30%, porém o INDEC, algo similar como ao IBGE brasileiro, diz que é 10%. O governo se nega a aceitar a realidade de todos que veem os produtos aumentarem quase que toda semana. Isso afeta todos os setores da economia. A Argentina já não é mais barata e seus produtos para exportação já não são tão competitivos. Além disso, pela alta dos preços, o número de turistas estrangeiros é cada vez menor. O pouco dinheiro que pode sobrar no fim do mês se desvaloriza a cada dia, o que nos leva para o ponto número dois.

2. Proibição de câmbio de moeda
Muito se diz que os argentinos são loucos por dólares e existem muitas críticas a esse costume que vem de décadas. Mas o que você faria se quisesse economizar dinheiro num país sem muitas opções confiáveis? Ao contrário do Brasil, onde temos nossa boa e velha poupança, além de outros produtos como renda fixa, aqui na Argentina o sistema bancário não oferece nada que vença a inflação. O “plazo fijo”, que é o mais parecido a poupança, rende no máximo 18%, quando a inflação está pra lá de 25%. Claro que existe a bolsa de valores, mas num país em crise e cheio de instabilidade, convenhamos ela  é uma alternativa que deve ser considearada só para quem entende muito sobre o mercado financeiro. O dólar é o refúgio natural dos argentinos contra a instabilidade de uma moeda fraca. Com a proibição da troca de dinheiro, o valor do dólar paralelo pulou para 8,70 (ao contrário do valor oficial de 5,16). A construção civil e o mercado imobiliário despencaram já que quem tem dólar não quer se desfazer dele para comprar um apartamento e quem vende obviamente quer doletas!

3. Riqueza inexplicada de Cristina
Os Kirchner tinham um patrimônio de 7 milhões em 2002, quando Nestor assumiu o governo, no final de 2012 segundo o La Voz ele estava em 89 milhões. Se for comparar com o patrimônio do início da vida pública do casal, no começo dos anos 90, a coisa fica ainda mais difícil de entender. Quando perguntada sobre como conseguiu tanto dinheiro, Cristina explicou que isso é fruto do seu trabalho, já que ela sempre foi uma ótima advogada.

4. Corrupção
Incrivelmente não existe concurso público para muitas das vagas estatais na Argentina. O resultado disso é que o governo lota as empresas com gente de “confiança”, que acaba destruindo algumas instituições. Aerolineas Argentinas, que foi reestatizada faz alguns anos, tem um rombo incrível. Só nos primeiros dois meses do ano a companhia aérea perdeu U$ 118 milhões, segundo notícia do La Nación. Sem contar ainda a quantidade de dinheiro público gasto em programas como Futbol Para Todos e na publicidade governamental.

5. Cheirinho de Argenzuela
Autoritarismo, perseguição política, perseguição da liberdade de imprensa, criação de uma realidade paralela, brigas com jornalistas que não são do governo, investimento forte numa TV pública que beira a surrealidade com seus programas jornalísticos, criação de leis que dizem que vão democratizar a justiça mas que tem discussões atropeladas no congresso para serem rapidamente aprovadas. É uma infinidade de fatores que coloca a Argentina no mesmo caminho da Venezuela. Há cada vez mais uma divisão mais forte da sociedade. Uma polarização nem um pouco razoável, de tanto oposição como situação. Pessoalmente acho preocupante quando escuto declarações de partidários que dizem que apoiam Cristina até a morte e ainda se referem a Chavez como o “comandante”. Estamos em 2013 e já passamos por muita coisa no mundo para aprender que o presidente é um cargo passageiro na vida de políticos e não devemos dar uma dimensão messiânica nunca para quem estiver a cargo de um país. Os resultados disso todos conhecemos. Tudo bem apoiar e concordar com a Cristina, mesmo eu acho ótimo todas as políticas de afirmação de gênero e casamento homossexual que seu governo promove, porém preocupa a partir do momento que as pessoas começam a endeusá-la e perder o senso crítico.

Foto do Clarín. Veja mais imagens da manifestação no Tumblr deles.

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7 comentários em “5 pontos para entender o panelaço de 18 de abril na Argentina”

  1. Argentinos tem mais atitude que os brasileiros!!Panelaço a noite, não atrapalha a vida de ninguem e surte efeito! Adorei!

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  2. Ou seja: não vá para a Argentina nos próximos meses, é isso? 🙂 Abs!

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    • Olha, essa situação afeta quase que exclusivamente quem mora aqui. Não vejo muitos problemas pros turistas.

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