Comer sem pagar propina em San Telmo

Os brasileiros não familiarizados com o termo podem estranhar, mas propina, em espanhol, não quer dizer nada mais do que a boa e simples gorjeta.

Quer dizer, boa para quem recebe, porque se você é um viajante sem mucha plata pra esbanjar, certamente vai sentir o bolso doer toda vez que deixar uns caraminguás na mesa.

Na Argentina, os dez por cento não estão incluídos na conta. Isso quer dizer que eles são opcionais, mas quase ninguém tem a cara de pau de levantar da mesa sem entregá-los ao garçom – ainda que estes nem sempre sejam lá muito amáveis com os clientes.

Economia => Seguro Viagem Argentina (com desconto)

Comer sem pagar propina em San Telmo

A história se repete: antes de entrar no restaurante você dá uma sacada no preço do menu, anunciado na porta, e acha que está bastante razoável.

Aí, quando chega a conta, além do consumo você descobre que terá de pagar uma taxa de cubiertos (o polêmico serviço de mesa que alguns lugares de Buenos Aires cobram e ninguém entende bem se é pela cesta de pãezinhos e manteiga ou pela toalha, porcelana, taças e os cubiertos ou “talheres” em espanhol), que varia de 15 a 30 pesos por pessoa, conforme a chiqueza do lugar. Isso sem contar a propina.

Se sua visita à cidade for breve, tudo bem encarar estes custos pelo luxo de comer fora. Mas se a estadia for prolongada, uma alternativa sensacional sãos as comidas para levar. Tenho recorrido a alguns destes lugares aqui em San Telmo. Dentre os melhores – e mais próximos de casa -, separei estes:

La Antigua Torinesa – Av. Brasil 431

Comida para levar
Almoço para dois no La Antigua Torinesa por menos de 90 pesos.

Fundada em 1932 pelo imigrante italiano Don Ernesto Cora, a passos do Parque Lezama, inicialmente a casa funcionava como fiambrería e armazém de secos e molhados, onde se compravam queijos, salames e produtos em geral.

Nos anos 1970, porém, a abertura de um supermercado da rede Coto na esquina tornou o negócio inviável, já que não era possível competir com os preços do setor mercadista.

Nessa época, o antigo armazém já estava sob o comando de Alberto Cora, filho do fundador, que decidiu aproveitar os dotes culinários da esposa e transformá-lo em uma rotisseria. O lugar é simples, mas tudo ali é uma delícia, das empanadas e sanduíches de miga às tartas, tortillas e tartelletes.

O carro-chefe é o pollo al spiedo, o clássico frango assado naquelas “tevês de cachorro”, que deixam a gordura pingar e, por isso, fica mais sequinho e saboroso. Outras opções são as milanesas de frango, peixe e carne bovina, os purês de batata ou de abóbora e as saladas.

As porções são generosas e os preços são ótimos. A casa tem duas ou três mesas, mas Alberto me explica que são só para atender os funcionários de uma empresa que vêm comer ali, já que o foco mesmo é comida para levar.

La Antigua Torinesa abre de segunda a sexta das 10h às 15h, depois Alberto tira uma siesta e, mais tarde, abre de novo para quem quiser buscar o jantar, das 19h às 20h30. Quando a gente se mudar de San Telmo (o que deve acontecer em breve, snif), vou sentir muita falta desse lugar incrível.

Pesquise seu hotel em Buenos Aires aqui!

La Bohemia – Av. Brasil, 427

Comida para levar
La Bohemia: 960 medialunas por dia.

Quase ao lado da La Antigua Torinesa fica essa simpática padaria e confeitaria artesanal, da dona Susana e seu marido. Antigamente, já funcionava uma padaria no mesmo local, mas a deles tem apenas vinte anos (ou seja, recém-inaugurada para os padrões de San Telmo).

O forte, ali, são as medialunas de grasa e de manteca (não confundir: aquelas são salgadas, estas são doces). Segundo o atendente que conversou comigo, e que todos os dias pega um trem da zona Sul da província para chegar no trabalho antes das 6h, são feitas 80 dúzias de medialunas por dia!

Achei a de grasa mais gostosa, mas as duas são boas e o preço (4 pesos a unidade, 48 a dúzia) é dos melhores da região. La Bohemia também vende sanduíches de miga (120 pesos a dúzia) e comida pronta para levar. O potinho com milanesa (peixe, frango ou bovina), mais uma porção generosa de purê de batata, sai por 45 pesos. O mais incrível é que o lugar não fecha nunca, com atendimento de segunda a segunda, das 6h às 20h30.

Lugar sem nome – Defensa, 1446

Comida para levar
Te tratam mal, mas vale a pena.

Já fui várias vezes a este lugar, que tem alguns dos melhores doces do bairro, e nunca descobri o nome dele. Não tem placa nem nada, mas é preciso pegar senha e esperar na fila, de tão concorrido que é.

É claro que você pode comprar medialunas em qualquer birosca de Buenos Aires, mas estas são especiais: macias, cheirosas e doces na medida certa. Cada uma sai por 5 pesos.

O lugar também vende empanadas deliciosas e uma variedade infinita de facturas (que é como os argentinos chamam seus doces, pãezinhos e biscoitos), além de milanesas, purês, fritas e outras gostosuras para levar.

Torça para ser atendido pelo senhor de cabelos grisalhos, gentilíssimo, que até me deu um bizcocho outro dia. Já a senhora que trabalha ali não é das mais amáveis.

E, se você perguntar coisas como “as empanadas estão frescas hoje?”, é capaz de levar um xingão e nem querer voltar (estou boicotando o lugar desde ontem, pela grosseira, vamos ver até quando aguento).

Confira => Passeios em Buenos Aires

Abuela Pan – Chile, 518

Comida para levar
Hambúrguer vegetariano e outras delícias da Abuela Pan.

Aqui, o destaque está na panificação integral e a culinária saudável (porque, depois de tanta carne e alfajor, você vai precisar). Tudo é preparado com legumes e verduras da estação, no forno ou ao vapor, seguindo as receitas da avó da fundadora.

Talharim e ravióli caseiros, vegetais assados e risotos são algumas opções, mas, pelo que notei, o que mais sai ali são os hambúrgueres de soja congelados (com brócolis e nozes, com alho e manjericão, com cenoura e queijo fontina e com cebolinha e pimentão).

Quem quiser comer no local há mesas e o espaço é convidativo. Aliás, eles servem um patezinho de abóbora de entrada que é uma delícia. Porém, como a ideia aqui é não pagar propina e comer em casa (ou no hotel, ou sentado num banco de praça, por que não?), vá de take away. A casa também faz delivery na região de San Telmo, Montserrat e Constitución.

E você, já recorreu ao serviço de delivery ou take away em Buenos Aires? Conte pra gente como foi, se vale a pena e quais são os melhores, na sua opinião.

E não viaje para Buenos Aires sem o nosso super guia: várias dicas organizadas para facilitar a sua vida, além de um roteiro dia-a-dia, com mapa e como chegar aos lugares. 😉

guia de buenos aires turista profissional

Confira todas as nossas dicas de hotéis em Buenos Aires. São vários posts com resenhas, melhores bairros e muitas outras dicas.

Se está planejando sua viagem para Buenos Aires, não deixe de contratar um bom seguro viagem. Ninguém espera que algo aconteça, mas vai que acontece. Melhor estar prevenido, não é?!

COTAÇÃO DE SEGURO VIAGEM AQUI >>

E não deixe de conferir todos os passeios e ingressos que poderá comprar com antecedência. 😉

15 comentários em “Comer sem pagar propina em San Telmo”

  1. Olha, André, eu não sou a maior fanática por doces, não. Mas sei que você vai encontrar o que está procurando em lugares como Ninina, Le Pain Quotidien e no tradicionalíssimo Café Las Violetas, que é mais fora do circuito. Saludos!

    Responder
  2. Mariana! Estou indo a Buenos Aires na semana que vem e minha esposa e eu gostariamos de saber de alguma confeitaria gostosa para comermos um bom doce portenho. Ja fomos a BSAS uma vez e comemos no tortoni, mas gostariamos de mais uma casa de doces do que um café!! Obrigado

    Responder
  3. Foi bom você perguntar, Maria, porque eu quase deixei de ficar nesse bairro sensacional por um medinho meio bobo. Estou há quase três semanas aqui, caminhando de noite e de dia, sozinha ou acompanhada, e me sinto bastante segura. Muito mais do que no Brasil, devo dizer. Ajuda o fato de ter uma comisaría de policia aqui na Garay (e eu ter santo forte e corpo fechado, hehe), mas de modo geral San Telmo é bem tranquilo, com muita gente na rua a qualquer horário. Costumo evitar a Cochabamba à noite, na altura da Defensa e Balcarce. Se bem que, ser precavido e ter bom-senso são regras de ouro para todo lugar. Tudo isso pra dizer: venha, sim!

    Responder
    • muito obrigada Mariana! é quase certo que eu vou pra la mesmo, se não der certo começar de novo a saga de apartamento rsrs
      boa sorte na sua vida nova aqui em Buenos Aires! Beijos

      Responder
      • Valeu, Maria. Boa sorte aí também, na saga atrás de apê :*

        Responder
  4. Oi Mariana! o comentário não tem relação com comidas, mas sim com o bairro.. vou me mudar de bairro e estou um pouco na dúvida com San Telmo, não conheço alguém que more ai para perguntar diretamente.. uns dizem que é tranquilo já outros que para mulher sozinha é meio perigoso.. desculpa a invasão, mas poderia contar da sua experiencia com o bairro, por favorzinho rs. Beijos

    Responder
  5. Mariana, o lugar sem nome que você fala na defensa tem a melhor tortinha de alho poro. A senhora que atende é chata, morei na esquina da defensa com garay por bastante tempo… Frequentava o lugar e eu sempre saia chateada com ela, até que um dia na primavera resolvi compras uma flores para levar a um evento do meu trabalho e no caminho parei nesse lugar e entreguei as flores e na hora ela até ficou bem ( isso faz uns 4 anos que não moro mais em buenos Aires) e todos os anos vou visitá-los e ainda só tratada mal por ela Kkkk, resumindo ela é assim, não deixei que aproveitar as maravilhas desse lugar.

    Responder
    • nem com a flor a senhora ficou feliz? hehehe dureza!!

      Responder
    • Que história incrível, Marcia. E a primavera está chegando, que bela ideia, hehe! (Só pra atualizar o post: quebrei o boicote e fui lá hoje cedo comprar medialunas. A senhora estava impecavelmente mal-humorada, para manter a tradição!)

      Responder
      • Nossa… os doces do “Lugar sem nome” devem ser maravilhosos para ter que encarar um atendimento desses, rs
        A foto do La Bohemia me deu água na boca!!!!! Estou adorando seus posts, Mariana Sanchez.

        Responder

Deixe um comentário