Palacio de las Aguas Corrientes de Buenos Aires

Seu queixo já caiu ao passar pela avenida Córdoba na altura da calle Riobamba? Você não está sozinho: muitos moradores e visitantes de Buenos Aires consideram este edifício uma das mais belas e valiosas joias arquitetônicas da capital: o Palacio de las Aguas Corrientes.

O Aires Buenos percorreu sua visita guiada com um dos principais especialistas em Patrimônio Argentino e conta tudo o que você deve saber sobre este palácio, como ele foi construído e por quê.

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Palácio de Las Aguas Corrientes em Buenos Aires
A frente do Palácio de Las Aguas Corrientes em Buenos Aires

Palacio de las Aguas Corrientes de Buenos Aires

Há quem pense que este edifício de pomposa fachada seja a sede de uma antiga estação, um museu histórico ou mesmo a residência de um figurão do passado. Mas o título deste post já revela de que se trata.

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O Palacio

O Palacio de las Aguas Corrientes foi criado para isso mesmo: para o armazenamento e distribuição de água potável na cidade de Buenos Aires. O tratamento era feito no edifício onde hoje está o Museu de Bellas Artes, num terreno mais baixo e mais perto do rio.

Tão impressionante quanto sua estrutura interna é o prédio em si, ocupando uma quadra inteira entre as ruas Riobamba, Viamonte, Ayacucho e a avenida Córdoba.

Este grandioso prédio foi o primeiro Grande Tanque de Distribuição de Água Potável que a Cidade teve. É uma obra de arte e engenharia única.

O controle do nível de água era feito manualmente, de hora em hora, e este registro está guardado em livros dentro dos próprios tanques, que desde o final dos anos 1970 são usados somente como arquivo.

Naquela época, havia mais italianos e espanhóis vivendo em Buenos Aires do que argentinos. Muitos outros europeus também estavam instalados aqui, e esse caldeirão cultural – cujas influências são sentidas até hoje – deixou marcas na construção do Palácio das Águas Correntes: o projeto é de um inglês, o desenho é de um norueguês, o diretor da obra era sueco, a estrutura de ferro foi trazida da Bélgica e a construção propriamente dita ficou a cargo de um italiano. Ou seja: nada mais portenho.

Inaugurado quando Buenos Aires enfrentava problemas de saúde pública como cólera, febre tifóide e difteria, o Palácio foi um importante passo para o fim dessas epidemias.

Em uma visita ao lugar, Vicente Blasco Ibáñez, o escritor espanhol autor do clássico “Os quatro cavaleiros do Apocalipse”, apelidou o Palacio de “um palácio fingido, um lago mascarado”. Não é à toa mesmo! Quem iria imaginar que uns tanques de água iam precisar de tanta beleza para existir?

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Palácio de Águas Correntes

O controle do nível da água, anotado manualmente

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A grandiosa obra

Sua construção se iniciou em 1887 – ano que está marcado na entrada principal – mas foi inaugurado em 1894, sendo, desde então, um dos edifícios mais atraentes e emblemáticos de Buenos Aires, tanto que em 1989 foi declarado Monumento Histórico Nacional.

Sua construção foi feita com esmero, utilizando-se materiais de primeira qualidade importados de diversas partes do mundo. Quatrocentos homens trabalharam nesta que é uma das obras de engenharia mais ambiciosas de seu tempo.

Em seu interior, por exemplo, encontramos uma enorme estrutura metálica fabricada na Bélgica, sendo 3 andares de tanques sustentados por 180 colunas. São 12 tanques divididos em três andares, sustentados por uma estrutura de 16 toneladas de ferro fundido.

No total, essa imensa estrutura de ferro tem capacidade para armazenar mais de 72 milhões de litros de água.

Por fora, ele é coberto e ornamentado por 300 mil faianças (uma espécie de cerâmica), trazidas de barco da Inglaterra e montadas aqui, num quebra-cabeças sem precedentes. Metade do valor de toda a obra foi para sua fachada.

Em suas cúpulas e telhados foram utilizadas ardósias trazidas de Sedan, na França, enquanto cedros paraguaios foram utilizados na marcenaria e toda ferragem foi fornecida por fundições escocesas.

A pergunta é: por que criar um tanque d’água em forma de palácio?

Bem, porque estamos em Buenos Aires, baby, cidade que em sua era de ouro foi uma das mais ricas e importantes do ocidente, quando dava de comer (carne) e beber (leite) para europeus e norte-americanos famintos na virada do século 19/20.

Mas além de simbolizar o poder econômico industrial da Argentina no século 19, a ideia também era deixar evidente o investimento do governo em obras sanitárias, que costumam ser subterrâneas e pouco visíveis pelo povo. Muito espertos, não?

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Palácio de Águas Correntes
O projeto do Palácio das Águas: à frente do seu tempo.
Jorge Tartarini revela os segredos do interior do edifício.

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Febre Amarela em Buenos Aires

E isso tinha uma grande razão.

Em 1871, como já contamos aqui outras vezes, a cidade foi vítima de uma epidemia brutal de febre amarela que dizimou quase 10% de toda sua população, incluindo o vice-presidente.

Chegou-se a contabilizar mais de 500 mortos em um só dia – daí, aliás, a necessidade de se construir o Cemitério da Chacarita, o maior da América Latina.

Os médicos da época não se cansavam de avisar os governantes que de nada adiantava construir hospitais ou, muito menos, cemitérios: era preciso atacar a origem do problema, e o problema não estava no ar (os aires já eram buenos!), mas sim na falta de saneamento.

Construir um sistema adequado de armazenamento e distribuição de água que desse conta de uma cidade com 230 mil habitantes era mais do que urgente. E fazê-lo em forma de monumento só mostra a importância que a higiene e a água pura tinham para a época.

Buenos Aires foi a primeira cidade das Américas a ter um sistema de água filtrada, inaugurado em 1869, mas insuficiente para atender uma cidade em pleno crescimento.

Até 1877, o único depósito era um tanque de 2.700 metros cúbicos. Fora ele havia ainda os poços artesanais para coleta de água das chuvas.

Quem não tinha um em casa, no entanto, precisava recorrer ao serviço dos “aguateros“, que tiravam água do Rio da Prata para vendê-la de porta em porta em grandes tonéis, mas a água não era exatamente própria para beber.

Por tudo isso, a construção do Palacio de Aguas Corrientes foi um grande marco para a capital portenha. Prova disso é que apenas um ano após inaugurada, a taxa de mortalidade de Buenos Aires caiu em 90%.

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palácio das águas em buenos aires
Epidemia de febre amarela retratada em tela de Juan Manuel Blanes. A cena teria ocorrido num cortiço da rua Balcarce, em San Telmo, em março de 1871.

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Visita Guiada no Palacio de las Aguas Corrientes

A visita guiada ao Palacio de las Aguas Corrientes é muito esclarecedora, principalmente porque o nosso guia foi o arquiteto Jorge Tartarini, diretor do Museu da Água e da História Sanitária, autor de vários livros e grande estudioso do patrimônio argentino.

A visita dura cerca de 40 minutos e todas as plaquinhas informativas têm tradução ao português.

Além de ficar por dentro do contexto histórico da construção do Palácio, um dos pontos altos da visita é a insólita coleção de vasos sanitários, bidês e outros artefatos sanitários.

As peças passavam por testes até serem aprovadas para uso, e algumas delas estão em exibição neste que deve ser o maior (talvez o único!) museu de privadas do mundo.

Jorge, o guia, costuma comentar a fixação dos argentinos pelo bidê, descoberto em viagens à França e rapidamente incorporado à vida portenha. Tanto, que continua em uso até hoje, enquanto se tornou objeto obsoleto nos banheiros franceses.

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Palácio de Águas Correntes
Isso mesmo, um museu de privadas.

Em 1987 o Palacio de las Aguas Corrientes foi declarado Monumento Histórico Nacional e, em 2014, a empresa estatal de Água e Saneamento Argentino (AySa) deu início a um ambicioso plano de recuperação do palácio.

Se quiser conferir essa maravilha de pertinho, anote na agenda: as visitas guiadas acontecem três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, pontualmente às 11h, no primeiro andar do prédio, e são gratuitas.

Palácio de Águas Correntes

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Palacio de las Aguas Corrientes – Informações úteis

  • Endereço: Riobamba, 750 (a uma quadra da estação de metrô Callao da linha D)
  • Contato: Tel. (54-11) 6319-1104
  • Funcionamento: De segunda a sexta, das 9h às 13h e das 14h às 17h.
  • Visitas guiadas gratuitas às segundas, quartas e sextas-feiras às 11h.
  • Site: https://www.aysa.com.ar/lobuenodelagua/palacio

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2 comentários em “Palacio de las Aguas Corrientes de Buenos Aires”

  1. Muito legal ! E tem também uma história, contada em um livro que trata de casos fantasmagóricos de Buenos Aires, que fala sobre a misteriosa morte de uma jovem portenha, nunca totalmente esclarecida, cujos despojos teriam sido encontrados posteriormente neste palácio – não sei se necessariamente em um dos tanques…

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