Oíd mortales el grito sagrado: ¡libertad!, ¡libertad!, ¡libertad! É assim, convocando os mortais a ouvirem o sagrado grito de liberdade, que começa o hino nacional argentino, composto por Vicente López e Blas Parera em 1813.
E foi para homenageá-lo – com um tantinho de picardia e bom humor – que nasceu em 1983 a Oíd Mortales, uma pequena e abarrotada loja de discos no centro de Buenos Aires, paraíso de todo fã da boa música.
Roquenrol com sotaque portenho
Quem caminha depressa pela frenética avenida Corrientes, na altura do Obelisco, pode passar batido pela Oíd Mortales, já que ela fica dentro de uma galeria não muito comprida que conecta a famosa rua dos teatros e livrarias com o calçadão da Roque Sáenz Peña (onde, aliás, fica um dos cinemas de rua mais legais de Buenos Aires, o BAMA).
Se você leu o livro do Nick Horny ou assistiu ao filme do Stephen Frears fica fácil entender o espírito dessa disquería já emblemática da cidade. Mas, embora sua proprietária Andrea Rodríguez conheça como ninguém o mundo do rock independente, ela não tem nada do arrogante e neurótico atendente de Alta Fidelidade – pelo contrário!
Dedicada basicamente ao rock clássico e alternativo dos anos 60 aos dias de hoje, a loja não tem muito espaço, mas ainda assim comporta cerca de cinco mil títulos, entre CDs e vinis, importados e nacionais – muitos de selos independentes. A própria loja mantém um pequeno selo (OM Discos) que editou uma antologia do músico experimental portenho Alan Courtis e o único álbum do grupo beat argentino dos anos 70, The Knacks, entre outros achados. É claro que você também vai encontrar ali muito Charly García, Fabulosos Cadillacs, Andres Calamaro, Bersuit e Sodaestereo, mas esta é sua chance de descobrir gente totalmente fora do mainstream, e ninguém melhor do que a Andrea para te guiar por este mundo.
Descobri a Oíd Mortales por acaso anos atrás, e sempre que venho a Buenos Aires dou um pulo pra ver o que tem de novo. Desta vez, pedi à Andrea que sugerisse algo aos leitores do Aires Buenos interessados em conhecer o lado B do rock argentino. Eis suas indicações:
Mi pequeña muerte
O quinteto portenho tem mais de dez anos de trajetória e eu o desconhecia completamente. Seu Blues de la mente, faixa que abre o disco Un futuro brillante, se tornou uma espécie de hino lisérgico nos bares portenhos mais descolados. Aqui a discografia dos guris.
Los mutantes del Paraná
A Andrea já tinha me indicado o primeiro disco desse grupo de Entre Ríos e eu simplesmente viciei neles. São nove caras tocando um folk instrumental alucinante, que passeia por polcas, chacareras e até pela música dos bálcãs, sem perder sua veia roqueira. Perfeito pra dançar ou pra pegar estrada.
José Unidos
A banda debutou em 2013 com o elogiado álbum Administración e em julho de 2015 lançou o novo Lampedusa. Pospunk rioplatense com ecos de Clash e The Cure. Para ouvir aqui, para ver aqui.
Mateo de la luna en compañía terrestrial
Banda portenha nascida no bairro de Almagro em 2011. Tem essa música supergracinha, do disco homônimo, e em 2014 lançaram La energía, que dá para ouvir na íntegra aqui.
Mi amigo invencible
Grupo de Mendoza que surgiu na cena indie em 2007 e já tem seis discos gravados. Não conhecia, fui atrás e já adorei (porque eu curto um lance minimalista climático e tal, mas talvez você ache meio chato, sei lá). Bueno, vai lá e tire suas conclusões.
A Oíd Mortales fica na Av. Corrientes, 1145 (loja 17). Se você entrar pela Roque Sáenz Peña, aproveite para conferir a programação do cine BAMA e provar uma focaccia maravilhosa da La Focacceria.
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Sou jornalista e tradutora brasileira, e há doze anos visito regularmente Buenos Aires. Em agosto de 2015 vim pra cá de mala e cuia para passar uma longa temporada. Livros, cinema e cultura em geral são meus assuntos preferidos. Você pode acompanhar minhas andanças aqui no Aires Buenos e também no Medium.
Muito bom! Estava procurando lojas de discos em BA e certamente visitarei esta!
adorei!