A medialuna é um daqueles ícones que podemos chamar de autêntica instituição argentina. Apesar de lembrar muito o croissant francês em seu formato, o sabor é outra coisa, muito mais doce e com aquela casquinha caramelizada.
Quase todo mundo que vem a Buenos Aires se apaixona por essa iguaria à primeira mordida, mas o que exatamente você sabe sobre ela?
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Sobre medialunas, facturas e padeiros anarquistas
Medialunas são um tipo de “factura”, ou seja, uma massa panificada à base de manteiga, farinha, açúcar e levadura. Porém, basta entrar em uma padaria para descobrir que há um mundo de “facturas” diferentes, todas ricamente doces, maravilhosas e engordativas, é claro.
O mais curioso é que (tirando as medialunas) elas foram batizadas por padeiros anarquistas no final do século 19 com o objetivo de ironizar as diversas classes de poder da sociedade argentina: os militares, a polícia e a igreja.
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Corria o ano de 1885 quando um famoso anarquista italiano chamado Errico Malatesta chegou a Buenos Aires, onde ajudou a organizar o combativo sindicato dos padeiros, o primeiro sindicato argentino.
A classe era bastante mobilizada e ativa politicamente, e tinha um senso de humor pra lá de sarcástico. Daí que foram os membros dessa sociedade anarquista que batizaram as facturas encontradas nas padarias argentinas até hoje: cañoncitos e bombas (ridicularizando o exército), bolas de fraile ou suspiros de monja e sacramentos (sacaneando a igreja) e vigilantes, para ironizar a polícia.
A história está contada no capítulo sobre gastronomia do livro Cabezas de Tormenta: ensayos sobre lo ingobernable, de Christian Ferrer.
Sobre as medialunas propriamente, a origem também tem algo de político e sarcástico. Quando Viena foi sitiada pelo exército otomano em 1683, os padeiros e confeiteiros locais acharam uma boa ideia se apropriar do emblema dos inimigos, a meia lua muçulmana, para moldar os pãezinhos que iriam mastigar depois, como uma provocação aos soldados turcos (croissant quer dizer “crescente”, em referência à lua).
Quase um século depois, quando a austríaca Maria Antonieta se tornou Rainha da França, levou a delícia pra lá, onde se desenvolveu melhor com os padeiros franceses.
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Sobre as medialunas argentinas: você pode escolher entre as “de manteca” (de manteiga) e as “de grasa” (que não são de graça, mas de banha). As primeiras são maiores, mais fofinhas e doces, enquanto as segundas são de massa folhada, mais crocantes e menos doces – na verdade, podem ser até salgadas.
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Onde estão as melhores de Buenos Aires?
Para essa pergunta, não existe resposta. A graça (e não a grasa) está justamente nessa busca ao tesouro, que não poderia ser mais pessoal.
Em San Telmo, descobrimos uma que é maravilhosa, apesar de não ter nem placa na porta. Confira também o relato destes leitores apaixonados por medialunas, que provaram e aprovaram as Medialunas del Abuelo.
Eu, pessoalmente, gosto das servidas no Macedonio Café del Lector, em frente à Biblioteca Nacional.
E você, tem alguma dica de onde comprar as melhores facturas de Buenos Aires?
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Sou jornalista e tradutora brasileira, e há doze anos visito regularmente Buenos Aires. Em agosto de 2015 vim pra cá de mala e cuia para passar uma longa temporada. Livros, cinema e cultura em geral são meus assuntos preferidos. Você pode acompanhar minhas andanças aqui no Aires Buenos e também no Medium.
Se não me engano comi medialuna na Frank Dauffois, uma delicia e as Del Abuelo, riquisimas!!
Nossa que postagem agregadora! Obrigado por compartilhar um pouquinho da história das facturas, sempre tive essa curiosidade.
Olha, acho que o difícil é achar uma media luna que não seja boa em Buenos Aires… Qualquer boteco serve media lunas maravilhosas!!!!
Existe também uma história dizendo que os croissants serviam para avisar quando os exércitos otomanos estavam se aproximando… até onde é verdade, não sei. O que sei é que parece ser impossível ir a Buenos Aires e não voltar já saudoso das amadas medialunas e facturas. As servidas no café da manhã do Gran Hotel Buenos Aires são deliciosas!!!
Mariana
Eu ja ouvi uma história que no passado a de grasa eram consumidas pelas pessoas mais pobres enquanto as de manteca a elite consumia. Mas como a de grasa também são deliciosas com o tempo elas fizeram sucesso também entre as pessoas mais abastadas dividindo definitivamente o espaço.