Morar um tempo fora do Brasil era algo que eu vinha ensaiando desde a adolescência. Aos 18 anos, passei uma temporada breve em Londres, depois conheci Paris, Nova Iorque, Chicago. Aos 23, mochilei por quase todos os países da América do Sul durante os cem dias mais intensos e memoráveis da minha existência. Mas morar fora, pra valer, acabou nunca dando certo por infinitos motivos – de trabalho, sobretudo, mas também porque Curitiba é uma cidade demasiado confortável e a gente acaba ficando, ficando.
Quando finalmente pude organizar a vida de modo que precisasse apenas de um notebook e wi-fi para sobreviver em qualquer canto do mundo, me dei conta do óbvio: como cruzar o Atlântico e morar na Europa quando você mal tem dinheiro pra descer o rio Nhundiaquara? O jeito era continuar nos limites da América do Sul, porém, na capital com o charme europeu e todas as dores e delícias latino-americanas: Bienvenido a Buenos Aires.
Então você vai se mudar para Buenos Aires?
Amor porteño

Eu poderia dizer que minha história de amor por Buenos Aires começou em janeiro de 2005, quando desembarquei pela primeira vez no terminal de Retiro, sob um calor dos demônios. Mas seria mentira. Eu já amava Buenos Aires desde antes: a calle Garay, onde se pode ver o Aleph no porão de uma casa velha, o Palacio de las Aguas da avenida Córdoba, cujas paredes ecoavam a voz de um misterioso cantor de tango, a saudosa confitería Richmond, onde um cronópio molhava uma torrada com suas lágrimas naturais. Endereços literários que percorri lendo Borges, Cortázar, Tomás Eloy Martinez e tantos outros escritores argentinos.
Mas era preciso conferi-los de perto, com meus próprios pés. Depois de muitas idas e vindas, e exatos dez anos após aquela primeira viagem em 2005, desembarquei de novo no terminal de Retiro com um desejo: morar na capital portenha até enjoar.
Andar, ler, escrever

Deixar o país para tentar a vida em terras mais prósperas costuma ser a principal motivação dos brasileiros. Pois essa não foi, nem de longe, a minha. Apesar de todo o mimimi em torno da suposta crise brasileira que se aproxima, a Argentina ainda é pentacampeã no assunto. Por outro lado, sua capital se mantém uma espécie de paraíso para quem ambiciona caminhar por ruas e praças arborizadas, não depender de automóvel para ir e vir, comer bem sem gastar muito, ir ao teatro e ao cinema (de rua!) e, principalmente, ler. Muito. A última década viu surgir dezenas de editoras independentes que têm amplificado a interessantíssima produção da nova geração de autores, mantendo a fama literária da capital. Desde que passei a me dedicar também à tradução – paralelamente ao jornalismo -, morar aqui e aproveitar de perto essa cena cultural ganhou um novo sentido.
Portanto, andar, ler e escrever sobre minhas descobertas na capital portenha são as únicas ambições desta temporada, que se inicia agora.

Em tempo: arranjamos (eu e o fotógrafo Elisandro Dalcin, meu companheiro) um apartamento pequeníssimo, mas bastante simpático, no bairro de San Telmo. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ele fica justamente na calle Garay, onde, ao deitar no piso de lajota do porão de uma casa velha e olhar fixamente o décimo nono degrau da escada é possível ver com nitidez o Aleph, “um dos pontos do espaço que contém todos os pontos”.
Confira todos os posts da Mariana na Seção VIDA PORTENHA.
E não viaje para Buenos Aires sem o nosso super guia: várias dicas organizadas para facilitar a sua vida, além de um roteiro dia-a-dia, com mapa e como chegar aos lugares. 😉
Confira todas as nossas dicas de hotéis em Buenos Aires. São vários posts com resenhas, melhores bairros e muitas outras dicas.
Se está planejando sua viagem para Buenos Aires, não deixe de contratar um bom seguro viagem. Ninguém espera que algo aconteça, mas vai que acontece. Melhor estar prevenido, não é?!
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Sou jornalista e tradutora brasileira, e há doze anos visito regularmente Buenos Aires. Em agosto de 2015 vim pra cá de mala e cuia para passar uma longa temporada. Livros, cinema e cultura em geral são meus assuntos preferidos. Você pode acompanhar minhas andanças aqui no Aires Buenos e também no Medium.
Benvindos 😉
Boas andanças a você, hermana! :*
MARAVILHOSA notícia. Quem sabe quando me aposentar eu também não vá para aí. AMO esta cidade e me senti em casa quando a visitei. Faça tudo que tem direito: vista um pulover azul, vomite coelhinhos, viva um moteca. Seja FELIZ. Beijos na sua alma!
Contando as horas num relógio-alcachofra pra senhorinha vir me visitar!
Mari querida, que bom já saber suas impressões dos primeiros dias, agora como moradora. Suerte, comadre!
Ainda estamos chegando, comadre. Mas já nos sentimos em casa 🙂
Mari, então você foi mesmo pra Bue! Que notícia boa!
Espero que a temporada seja longa e próspera! Acompanharei suas novidades daqui. Um grande abraço!
Ojalá, Nanda querida! Beijo grande e espero sua visita (aqui e ao vivo)!
Vou com certeza. Pode deixar! Besotes!