A dica do leitor de hoje é dedicada para quem é apaixonado por futebol. O Ângelo já contou um pouco da sua viagem para Buenos Aires, mas hoje vamos ter um relato dele mais minucioso sobre sua jornada pelo futebol argentino. Sempre que possível ele procura assistir a jogos de futebol em suas viagens e dessa vez não foi diferente, e como bom precavido que é, ele não leva máquina fotográfica para os estádios, então não teremos fotos dos jogos.
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Apaixonado por futebol – Dica do leitor
Sempre que viajo costumo conhecer estádios de futebol e acompanhar partidas dos clubes das cidades que me acolhem. Em Buenos Aires, para desespero da Cláudia, não foi diferente. Minha estreia foi na mítica La Bombonera, em La Boca, sede do Boca Juniors. Primeiro, em visita oficial, com direito a guia e tour por suas dependências: museu, vestiários, sala de imprensa, de troféus, arquibancadas, camarotes, etc. Tudo muito civilizado, em uma tranquila tarde de quinta-feira sem jogo.
As verdadeiras emoções, entretanto, ficaram guardadas para mais tarde, no momento de assistir a uma partida ao vivo naquele caldeirão, já no fim de semana. Embora a informação desse conta que não vendiam ingressos nos dias de jogo, fui ao estádio mesmo assim, pela manhã de domingo, na esperança de aplicar um jeitinho brasileiro com sotaque de viveza criolla. Bingo. Assim que me afastei de um grupo de frenéticos japoneses e suas máquinas fotográficas no acesso principal do estádio Alberto J. Armando – todos sem entender o encarregado explicar em castelhano que não vendiam entradas no local – fui abordado por um sujeito que me ofereceu ingresso. O negócio foi fechado ali mesmo na rua, em operação típica de cambista. Dinheiro pra lá, boleto pra cá, e cada um pro seu lado.
Como era cedo, resolvi fazer hora na feirinha de San Telmo. Lá, encontrei Sebastian, caricaturista que se tornou amigo depois de traçar alguns dibujos familiares, nas imediações da Plaza Dorrego, último tramo da calle Defensa antes de cruzar a avenida San Juan. Torcedor do Independiente, conhecido pelo apelido de Rey de Copas por suas conquistas no continente, desconfiou quando disse que havia conseguido comprar ingresso para aquela tarde. Pediu pra ver. Mostrei, agora já receoso do que poderia ouvir. “Trucho no és, pero és para jubilado (aposentado) e na platea de los visitantes”. Lembro ainda do caminhar vagaroso e da boina cinza que adquiri para emprestar um ar mais senil na passagem pelas catracas do estádio, em direção ao setor de visitantes, ocupado naquela tarde por hinchas do Atlético Rafaela.
Afora o vento cortante que soprava do Prata diretamente no rosto, foi uma experiência interessante acompanhar o jogo e os três gols do Boca por este ângulo. Foram dois espetáculos: o jogo em si e a torcida ali. Batizado, estendi domínios para outras canchas. Fui para Liniers, certa vez, acompanhar um jogo do Velez Sarsfield, no estádio José Amalfitani. De ônibus, que peguei sobre Callao, defronte a Plaza Rodriguez Peña, foram cerca de uma hora e quinze minutos até lá. Descobri que no El Fortin, como os aficionados locais apelidaram a cancha, havia proibição de venda de álcool, extensiva aos arredores. Mas, mesmo assim, via torcedores com Quilmes litrão aqui e acolá. Passei a observar a cena e reparei no sujeito que abastecia os fanáticos. Discretamente segui seus passos, através de uma rua lateral, até vê-lo entrar em uma casa e de lá sair com a cerveja. Fui ao local e me deparei com uma senhorinha portenha, de cabelos cinzas e pantufas amareladas, mais parecida com personagem de Quino, que levantava uns trocados ao driblar a lei seca vigente. Matei minha sede, por óbvio.
O jogo, ah, o jogo terminou empatado. Velez 1 a 1 com o Lanús. Reencontrei Amalfitani, ex-presidente, patrono e baluarte do clube, também conhecido como “Don Pepe”, tempos depois, quando eu e Cláudia visitamos o Cemitério de Chacarita. Sepultura é pouco para definir sua chamada última morada. É um mausoléu, quase um panteão, ao lado de figuras não menos ilustres do cenário argentino como Agustin Magaldi, Anibal Troilo, Osvaldo Pugliese e Luis Sandrini.
Mas, como aqui se trata do esporte bretão, e para ser breve, digo que segui ainda por outros rumos e prumos em incursões portenhas para melhor compreender os meandros do futebol platino – visitei inclusive a Associação de Futebol Argentino (AFA), em Viamonte – e assistir partidas do River Plate, no Monumental de Nuñez; San Lorenzo, no Nuevo Gasômetro, e Argentino Juniors, no Estádio Diego Armando Maradona. Este último, aliás, em que pese ter sido seu primeiro clube profissional na carreira, merecia homenagem melhor. A cancha, atrás de uma das goleiras, sequer tem arquibancada. Apenas um muro e alguns eucaliptos, cuja poda involuntária ocorre a cada arremate descalibrado dos atacantes que pisam no estádio do bairro de La Paternal. Menos mal que um antigo dirigente do Argentino Juniors resolveu montar um museu em homenagem ao craque argentino na exata casa em que este viveu quando iniciou sua carreira naquele clube nos anos 80. Mas sigo a peregrinação pelas canchas. Por isso, a dupla de Avellaneda – Racing e Independiente, próximos na lista, que me aguarde. Sem acessórios desnecessários, com a autêntica alma de torcedor, misturado na multidão, não há (calculado) risco mais prazeiroso.
Que relato mais gostoso de se ler, até eu que não sou muito fã de futebol fiquei com vontade de me aventurar misturada nessa multidão de torcedores. Siga sim em sua peregrinação pelas arquibancadas, Ângelo, e nos conte depois como foi sua experiência quando for ao jogo do Racing e Independiente, com certeza será cheia de emoção!
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Jornalista, roteirista e apaixonada em planejar viagens. Mora no Brasil, já foi várias vezes para Buenos Aires e teve a oportunidade de entender melhor os portentos e sua cultura. Está aqui para dar dicas de viagem e dividir suas experiências.