Um estudo publicado em 2014 pelo World Cities Culture Forum comprova aquilo que a gente já suspeitava: Buenos Aires é mesmo a cidade com o maior número de livrarias por habitante no planeta. São 25 para cada dez mil pessoas (São Paulo, por exemplo, tem 3,5), mas em bairros centrais a proporção pode chegar a uma livraria para cada 250 habitantes!
Em algum momento pretendo listar aqui as minhas preferidas, como a linda El Ateneo. Por enquanto, achei que seria curioso resgatar a história da pioneira, La Botica, onde atualmente está a Librería de Ávila, a livraria mais antiga de Buenos Aires.
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La Librería de Ávila, a primeira livraria de Buenos Aires
Foi na esquina das calles Adolfo Alsina e Bolívar, no bairro de Monserrat, que se vendeu o primeiro livro em Buenos Aires, lá pelos idos do século dezoito.
Em 1785, o farmacêutico Francisco Salvio Marull abriu ali um estabelecimento conhecido como La Botica, onde era possível comprar de tudo um pouco, de remédios a tabaco, numa espécie de “shopping center” da época.
Não dá pra saber exatamente qual foi o primeiro livro vendido, mas historiadores contam que a Botica também fez sua fama comercializando textos vindos da Europa e do chamado Alto Peru para “satisfazer as inquietudes bibliófilas” dos moradores da colônia espanhola.
Lá, também foi vendido o primeiro jornal de Buenos Aires, em 1801, batizado com o pomposo nome de El Telégrafo Mercantil, Rural, Político, Económico e Historiográfico del Río de la Plata.
Estava traçado o destino literário daquela esquina.
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Quando deixou de vender leite e aguardente para focar no ramo livreiro, em 1830, passou a se chamar Librería del Colegio, porque do outro lado da rua ficava – e ainda fica – o Colegio Nacional de Buenos Aires, instituição de ensino mais antiga do país, fundada pelos jesuítas.
Pelas estantes da Librería del Colegio passearam figuras ilustres da história, cultura e sociedade portenha – e que hoje são nomes de rua -, como os antigos presidentes Sarmiento e Bartolomé Mitre, o cientista e botânico Perito Moreno (que batizou aquele famoso glaciar na Patagônia) e os escritores Leopoldo Lugones, Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Victoria Ocampo e Roberto Arlt, entre muuuuitos outros.
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O edifício foi demolido em 1926 e um novo foi erguido no lugar, em estilo eclético, em pé até hoje.
Ali, funcionou a sede da editora Sudamericana entre 1929 e 1967, quando o imóvel foi vendido para uma cooperativa de ex-funcionários da Librería del Colégio. Só que os negócios não foram nada bem e, na década de 1980, aquelas portas fecharam de vez. Quer dizer, até Miguel Ávila entrar na história.
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Livreiro desde os 13 anos de idade, Miguel Ávila comprou a antiga Librería del Colegio em 1993, mas levou cerca de um ano para reformá-la, num trabalho quase arqueológico.
Depois de recuperar a aura literária daquela esquina, nada mais justo e merecido que batizá-la com seu nome. Oras.
Quem atende ali é o próprio Miguel e seu filho Facundo. No andar de cima ficam as novidades (e, nesse quesito, confesso que achei a livraria bem fraca), mas seu maior tesouro está no subsolo, onde estão os livros raros, curiosos e/ou esgotados.
O acervo é imenso e especializado em assuntos humanísticos, com destaque para temas argentinos e da América Latina. Se você está procurando algo sobre indigenismo, botânica, antropologia, história, linguística ou arqueologia, é só descer estas escadas.
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A Librería de Ávila foi declarada patrimônio histórico cultural pelo governo portenho em 2000. Ainda que existam 467 livrarias na capital, sem dúvidas esta merece uma visita.
Librería de Ávila
Endereço: Adolfo Alsina, 500, Monserrat
Horário: Aberta de segunda a sexta das 8h30 às 20h. Aos sábados, das 10h às 14h e das 15h às 17h.
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Bem próximo da Librería de Ávila está a sede do governo argentino. Saiba como visitar a Casa Rosada.
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Confira todas as nossas dicas de hotéis em Buenos Aires. São vários posts com resenhas, melhores bairros e muitas outras dicas.
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Sou jornalista e tradutora brasileira, e há doze anos visito regularmente Buenos Aires. Em agosto de 2015 vim pra cá de mala e cuia para passar uma longa temporada. Livros, cinema e cultura em geral são meus assuntos preferidos. Você pode acompanhar minhas andanças aqui no Aires Buenos e também no Medium.
Não está fechada definitivamente? Quando estive em BsaS agora em janeiro estava fechada. É uma das mais lindas e Buenos Aires, principalmente a parte do subsolo que tem muito de um antiquário de livros.
Quem tem interesse pode se inscrever pelo e-mail avilalibreria@gmail.com e receber o catálogo de exemplares únicos! Eu já os recebo faz tempo, kkkk.
Parabéns pelo texto, Excelente post.
Ola Mariana, bom dia. Gostaria se possível de tu me indicares alguns sites de livrarias daí para ver se eu consigo comprar daqui do Brasil. Grato.
Neemias, infelizmente a maioria das livrarias não envia pro Brasil. uma pena
Jajaja! Muy buena nota, Mariana! 476 librerías! En Bs As te podés tropezar en la calle con transeúntes que no te ven porque caminan leyendo un libro…
Verdad, Nei. Qué peligro, jaja!