Zanjón de Granados, Casa Mínima e onde Buenos Ayres começa

Imagine que você decide comprar um imóvel para abrir um restaurante num bairro turístico e, durante as obras, descobre túneis subterrâneos e ruínas do século 18. Foi o que aconteceu com um empresário portenho em 1985 ao adquirir uma casa caindo aos pedaços, na altura 755 da calle Defensa, em San Telmo.

Arqueólogos foram contratados para estudar o local e encontraram ali vestígios bastante preservados do que havia sido o antigo sistema hidráulico de Buenos Aires, construído para escoar as águas do zanjón (riacho) Granados, que em 1580 demarcava o limite sul da cidade, conforme o estabelecido pelo segundo fundador, Juan de Garay.

Nem é preciso dizer que a ideia de transformar o imóvel num restaurante foi descartada e o projeto tomou um novo e inesperado rumo.

Zanjón de Granados, Casa mínima e onde Buenos Ayres começa

Zanjón de GranadosForam 20 anos de trabalho e 140 caminhões de entulhos retirados dos túneis subterrâneos para transformar o local no que é hoje, El Zanjón de Granados, um complexo de arqueologia urbana que revela quatro séculos de vida portenha.

Poços, cisternas e uma infinidade de elementos arqueológicos ficam em exposição permanente neste imóvel de 1830, que já foi residência de uma família espanhola e cortiço de imigrantes após as epidemias de cólera e febre amarela. Nas paredes, de tijolos originais, há também algumas aquarelas que ilustram como viviam os argentinos da época, seus trajes, costumes e a decoração das casas.

Casa Mínima

A poucos passos dali, no número 380 da Pasaje San Lorenzo, fica outro imóvel também preservado pelo Zanjón de Granados. Trata-se da famosa Casa Mínima, que leva esse nome por ter apenas 2,5 metros de largura e ser a mais estreita de Buenos Aires. Ao entrar ali, porém, você vai descobrir que ela faz parte de uma propriedade muito maior: na casa grande morava uma família espanhola da elite, enquanto na casa mínima moravam seus escravos recém-libertos (que não deviam ser tão livres assim, já que ganhavam o direito de construir ali para continuar servindo aos patrões, imagino eu). Quando os escravos morriam, a propriedade voltava aos patrões, e é por isso que quase não há casas como esta na cidade.

Conta-se que ela só foi batizada com esse nome no século seguinte, quando o poeta Baldomero Fernández Moreno a descreveu no poema intitulado Casa Mínima.

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Ao contrário do que se pensa ao ver do lado de fora a cortininha de renda na janela, ali dentro não tem móveis nem nada. Mas a casa preserva suas paredes, portas e dobradiças originais de 1807, além de um clima um tanto sinistro. É possível entrar no quarto e no aposento onde ficavam a cozinha e o banheiro, todos mínimos de verdade. Já a casa contígua onde viviam os patrões é enorme. Anos depois ela virou cortiço e, na década de 50, uma casa de tango, a tangueria Don Emilio.

Casa Mínima
Parede da Casa Mínima: camadas de tempo

Recomendo muito o passeio para quem se interessa por história e cultura. Zanzar pelos túneis por onde passava o antigo zanjón é um jeito único de percorrer o primeiro quarteirão da cidade de Buenos Ayres, quando ela ainda era escrita com ípsilon.

As visitas guiadas ao Zanjón de Granados acontecem todos os dias (menos aos sábados), têm duração de uma hora e custam 115 pesos (aos domingos o ingresso sai por 150, em torno de 40 reais). Conhecer a Casa Mínima é mais complicado, já que as visitas são apenas para grupos fechados, através de agendamento pelo site turismo@elzanjon.com.ar.

Casa Mínima
Pasaje San Lorenzo 380, San Telmo.

Zanjón de Granados
Calle Defensa 755, San Telmo.
entrada: 115 pesos
reservas: turismo@elzanjon.com.ar.

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