As temperaturas, como as folhas, começaram a cair pra valer em Buenos Aires. Os termômetros têm chegado a sete graus, enquanto as folhas de plátano criam tapetes coloridos nas ruas e calçadas da cidade. Ainda não é inverno, é verdade, mas o friozinho chegando é sempre uma boa desculpa para os brasileiros curtirem alguns ícones portenhos irresistíveis. Selecionamos alguns abaixo. Para ler ouvindo Otoño Porteño, de Astor Piazzola.
Ícones do frio para aproveitar o outono porteño
O mate – tudo bem que os argentinos tomam mate o ano inteiro, até naqueles dias de insuportável verão, mas, para os brasileiros vindos “de São Paulo pra cima”, talvez o frio seja a época ideal para provar essa bebida. Herdado dos guaranis, o hábito de tomar infusão de folhas secas de erva-mate (illex paraguayensis) acompanha os portenhos a toda hora e aonde vão. O “chimarrão” local é mais amargo que o consumido no sul do Brasil, talvez por isso as cuias sejam menorzinhas (e muito mais simpáticas!). Aliás, a variedade de modelos e materiais – de madeira, silicone, cerâmica, coloridas, com design, etc. – pode ser uma inspiração para aqueles regalitos de viagem.
Locros e guisos – Se tem um prato que os argentinos gostam de dizer que é tipicamente “criollo” (ou seja, local) é o locro – embora, na verdade, seja preparado em praticamente todos os países andinos, com variações. De qualquer forma, é tradição entre as famílias argentinas prepará-lo para o 25 de maio ou o 9 de julho, as “datas pátrias”. Trata-se de um ensopado à base de milho, feijão branco, batata, vegetais e trocentos tipos de carne, à la feijoada. Já os guisos podem ser mais variados, sendo o de lentilhas o mais comum. São comidas calóricas, substanciosas e quentinhas que pipocam nos menus da maioria dos restaurantes portenhos quando começa o outono-inverno.
O vinho – O país divide com o Chile o título de principal terroir latino-americano para a produção vinícola. Os melhores vinhos argentinos costumam sair do Valle de Uco, em Mendoza, e geralmente são da uva Malbec. Porém, quando se trata de vinho, tudo é relativo e não há verdades absolutas – prova disso é que um dos mais elogiados do ano passado foi o Noemia Malbec colheita 2013, produzido no vale do Rio Negro, na Patagônia. Os argentinos estão entre os maiores bebedores de vinho do continente. O hábito é tão enraizado que existe até uma jarra criada especialmente para servir a bebida, em forma de pinguim.
Os teatros, cinemas e museus – Quer programa melhor do que se enfurnar em um dos infinitos espaços culturais de Buenos Aires para se aproximar da arte e fugir do frio? Sejam os teatros da Corrientes ou do Abasto, os museus da Recoleta, Palermo ou de San Telmo, o famoso Cine Gaumont ou o menos conhecido Cine Bama (uma sala subterrânea que projeta filmes de arte, pertinho do obelisco), não faltam opções para quem se interessa por cultura. Lembre-se que, ao contrário das cidades frias brasileiras (tipo a minha Curitiba), Buenos Aires tem calefação em toda parte <3
Os cafés – Nenhuma cidade latino-americana leva tão a sério a cultura do café. Não à toa há oito mil espalhados por toda a capital portenha (selecionamos alguns aqui). As variações são praticamente as mesmas que encontramos no Brasil, mas aqui o pingado se chama cortado, e, se quiser mais leite do que café, você deve pedir uma lágrima (como são dramáticos, esses tangueiros!). Dicas: o cafezinho pequeno, na xícara menor, é chamado de pocillo, enquanto a caneca maior é conhecida popularmente como jarrito.
O poncho e o couro – A lã e o couro são materiais muito abundantes neste país de extensos rebanhos, mas poucos brasileiros sabem que em Buenos Aires há uma rua especializada em vender artigos em couro. A calle Murillo fica no bairro de Villa Crespo, e os melhores trechos para comprar bolsas, carteiras, casacos e acessórios ficam entre os números 500 e 800. Pagando em dinheiro pode sair até 30% mais barato. Quanto ao poncho: essa vestimenta de lã de ovelha, lhama, alpaca ou vicunha já era usada pelos povos originários na América Latina antes da chegada dos espanhóis, mas ainda hoje serve de abrigo para os dias mais frios em cidades cosmopolitas e urbanas como esta. No noroeste do país, em julho, acontece a Fiesta Nacional del Poncho em San Fernando del Valle de Catamarca. Já em Buenos Aires, um lugar onde encontrar ponchos baratos é a maravilhosa Feira de Mataderos, aos domingos das 11h às 20h (leia mais sobre ela aqui).
Saiba que roupa usar em Buenos Aires segundo o clima.
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(Crédito foto destaque: Shutterstock)
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Sou jornalista e tradutora brasileira, e há doze anos visito regularmente Buenos Aires. Em agosto de 2015 vim pra cá de mala e cuia para passar uma longa temporada. Livros, cinema e cultura em geral são meus assuntos preferidos. Você pode acompanhar minhas andanças aqui no Aires Buenos e também no Medium.